Faltam poucos minutos para o avião pousar e o céu azul quase sem nuvens presenteia os passageiros com uma magnífica vista do Monte Kilimanjaro, com seu pico quase sempre coberto de neve, independente da temperatura ambiente. Já em terra, tem início uma aventura inesquecível.
A princípio, a sensação será a de um sonho ou de assistir a um documentário, mas sem uma tela que nos separe das imagens estupendas. Na Tanzânia, apaixonados pela natureza poderão apreciá-la sem cortes, em seu total esplendor.
Difícil será não torcer para que os gnus (mamíferos da família dos bovídeos, a mesma a que pertencem os antílopes) consigam escapar da fúria dos crocodilos enquanto cruzam o rio. E não se espante se pegar-se tentando entender a estratégia de um bando de leoas que espreita sorrateiramente uma manada qualquer de animais, enquanto cuidam de suas crias e não se descuidam das hienas.
Com tudo grandioso, a Tanzânia abriga o maior vulcão desmoronado do mundo, a montanha mais alta do continente, o lago mais longo e profundo da África e, junto com o Quênia, divide o espetáculo oferecido pela maior migração do planeta. É um país de superlativos, onde a vida acontece em cerca de 15 parques nacionais, criados especialmente para manter sua vida selvagem – se não totalmente –, praticamente, intocada.
Nosso roteiro contempla os parques mais famosos, todos localizados na porção norte do país, cujo ponto de partida é a cidade de Arusha. Entre um parque e outro, não perca a oportunidade de conhecer as comunidades de entorno, que oferecerão experiências inesquecíveis.
Parque Nacional Serengeti
Ao todo, são quase 15 mil quilômetros de área e, não à toa, na língua da tribo dos masais, “Serengeti”, significa “imensas planícies”. O parque que se localiza entre a Tanzânia e o Quênia é reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco e está entre os mais conhecidos do continente. É o parque mais famoso do país.
Todos os anos, entre maio e junho inicia-se a estação seca e o período da grande migração em que os
animais rumam para o norte em direção ao Maasai Mara, no Quênia, à procura de pastos mais verdejantes. O movimento inicia o ciclo das grandes migrações que, a partir de outubro, ocorre em direção contrária.
No Serengeti é onde é possível encontrar os “Big Five”, os cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem e aqueles que figuram entre os mais perigosos do mundo: leão, elefante africano, búfalo-africano, leopardo e rinoceronte.
Mas ali também será possível avistar hipopótamos, zebras, antílopes, guepardos, hienas e macacos, além de mais de 500 espécies de pássaros e aves, incluindo as de rapina. Todos circulando livremente, em um verdadeiro espetáculo da natureza. Também é possível fazer um safári de balão ou explorar sítios arqueológicos, como o Olduvai Gorge.
Parque Nacional do Lago Manyara
Localizado no meio do caminho entre o Parque Nacional do Serengeti e a Reserva Ngorongoro, este parque guarda muitas surpresas. Para quem deseja ver um balé de flamingos e mais outras mais de 400 espécies de aves e tirar muitas fotos incríveis, o lugar ideal é o Lago que dá nome ao parque e que, na época chuvosa, chega a cobrir mais da metade do parque.
Outros destaques são a grande quantidade de elefantes e também os leões que escalam árvores e a maior concentração de macacos babuínos de todo o mundo.
Reserva Ngorongoro ou Cratera de Ngorongoro Crater
Com mais de 20 quilômetros de diâmetro e mais de 8 mil quilômetros de área, Ngorongoro é a maior cratera vulcânica do mundo, ou melhor, o que restou de um grande vulcão que entrou em erupção há 2,5 milhões de anos, fazendo da região um cenário único, com paisagens distintas.
O lugar abriga entre 25 e 30 mil mamíferos, sendo os mais populares as zebras, gazelas, búfalos, javalis, hipopótamos, elefantes e rinocerontes negros. Além disso, a grande população de leões, chitas, hienas, chacais e leopardos dá a Ngorongoro o posto de maior concentração de animais predatórios do mundo.
A cratera é também um dos lugares em que vivem os icônicos Maasai, que têm um estilo de vida seminômade criando gado, ovelhas e cabras e se movem com os animais em busca de água e grama. Conhecer sua cultura e costumes de perto é um bônus e tanto para quem visita Ngorongoro.
Parque Nacional Tarangire
Um dos menores parques nacionais do país, o Tarangire é densamente povoado, principalmente entre os meses de junho e outubro, pois os animais vão em busca da única fonte de água permanente da região, o Tarangire.
Além da vida animal em profusão, a vegetação é outra estrela do local, principalmente os grandes baobás, árvore símbolo da África, que vive centenas de anos e cujos grandes troncos armazenam muita água e atingem até 25 metros de altura. Suas folhas servem de alimentos aos elefantes e, por isso, não é difícil encontrar famílias inteiras por ali.
Já os ornitófilos de plantão vão fazer dali seu paraíso, graças à profusão de aves: são mais de 550 espécies registradas. Outro ponto que torna o parque um atrativo é a facilidade de acesso a outros pontos de interesse, como o Serengeti e Ngorongoro.
Com tantas oportunidades, a chance de apreciar de perto a vida selvagem e sem filtros é imperdível. Na Tanzânia, o que se filma é incapaz de retratar a magnitude do “ao vivo”.
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