Pequeno em extensão, grande pela riqueza de sua cultura e história que remonta há mais de 7 mil anos, o Líbano mistura características que agradam aos mais diversos turistas. Lembra, ao mesmo tempo, a Suíça, por suas lindas montanhas; Paris, por seu ambiente glamouroso; Las Vegas, pela intensa vida noturna; e Ibiza, por sua incrível visão do Mediterrâneo.
A meio caminho da Ásia e da Europa, foi citado em vários livros da Bíblia e teve seu território ocupado por importantes civilizações, como fenícios, assírios, persas, gregos, bizantinos e turco-otomanos. Seu território de pouco mais de 10 mil quilômetros quadrados está dividido em seis regiões administrativas ou “muhafazat”.
A menor delas é Beirute, que compreende apenas a capital, e é a porta de entrada do país; Monte Líbano, Líbano Setentrional, Bekaa, Nabatieh e Líbano Meridional. Hoje, mergulharemos em Byblos, uma das cidades mais antigas do mundo, localizada no Monte Líbano.
É impossível falar de Byblos sem dizer que seus sítios arqueológicos foram considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A cerca de 40 quilômetros ao norte da capital, Byblos fica na costa do Mar Mediterrâneo. Apesar de ter sido mais conhecida pela ocupação fenícia, há registros de a cidade ter sido povoada por volta de 5.000 a.C. – é uma das cidades mais antigas continuamente habitadas do mundo.
E se, ao ler o nome “Byblos” você se lembrou de “Bíblia”, acertou. Em árabe, o nome fenício da cidade era Gebal ou Jbeil e a nova denominação foi dada pelos gregos porque ali era um importante centro produtor de papiros, chamados bublos, em grego. Desta forma, a palavra foi usada para denominar tanto a planta quanto o conjunto dos “livros” sagrados, no caso da Bíblia cristã.
A cidade foi a capital comercial e religiosa da costa fenícia e historiadores afirmam que foram seus escribas que inventaram um novo sistema de escrita por meio de símbolos fonéticos, sendo o primeiro alfabeto linear do mundo. A invenção foi tão importante para a humanidade que os alfabetos hebraico, grego, árabe e latino – os mais utilizados em todo o mundo – têm como base os símbolos fenícios.
Juntamente com Sidon e Tiro, Byblos foi uma das principais cidades-estados fenícias. A partir dali, saíam navios carregados de frutos, vidro, joias, lã, linho tingido de púrpura e papiros. Suas antigas construções se encontram por toda parte, a começar pela Via Romana, logo na entrada da cidade.
Outras evidências que denunciam sua ocupação romana, em 61 d.C. são as inconfundíveis colunas. Cercado por muralhas medievais, está o Castelo dos Cruzados, um museu onde é possível ver artefatos das grandes civilizações que ocuparam a região. Experimente subir até as torres para ter uma visão panorâmica de todo o local.
Outra visita imperdível é o Mercado de Byblos, ou Byblos Souk. Construído em arquitetura medieval, é um lugar cheio de charme e muito vibrante. Perca-se no labirinto de ruelas e aproveite para fazer comprinhas de lembranças para os amigos e a família enquanto prova os variados e exóticos sabores da culinária libanesa.
Mas, se o que você mais gosta em uma viagem é a experiência histórica, há vários museus em Byblos. O Museu de Cera, inaugurado em 1970, tem uma escultura do poeta Gibran Khalil Gibran, a representação da vida rural na região, de uma cerimônia de casamento e uma estátua de Alexandre, o Grande.
O Museu Aram Bezikian, dos órfãos do genocídio armênio, guarda a memória dessa passagem histórica e é também dedicado a promover valores como a preocupação com os semelhantes, a amizade, a paz, o respeito e a tolerância, por meio de variadas exposições.
O Museu dos Fósseis em Byblos, também conhecido como Memória do Tempo, foi inaugurado no início da década de 1990. Sua coleção inclui fósseis de tubarões, enguias, camarões, lulas e outros animais aquáticos.
Não deixe de dar uma passada no porto de Byblos. Restrito a uma pequena marina onde é possível fazer passeios de barco. O local também abriga os festivais de verão, além de excelentes restaurantes de frutos do mar, como o Dar L'Azrak, localizado no Byblos Sur Mer Hotel .
Edificações religiosas
Há algumas construções religiosas na região, que merecem uma visita, para que se conheça a arquitetura e as tradições:
- Catedral de São Marcos: chamada anteriormente de Catedral São João Batista, esta igreja foi destruída em 551 por um grande terremoto, sendo reconstruída durante a Era dos Cruzados, em 1115. Uma curiosidade que chama a atenção é o fato de ter um dos batistérios localizados no exterior – isso porque a entrada no local era proibida aos nãos cristãos que, antes, deveriam ser batizados na área externa.
- Mesquita Abdel Majid: construída no estilo otomano, em 1648, encontra-se ao lado do Convento dos padres maronitas, o que mostra uma existência pacífica entre diferentes ramos religiosos.
- Capela Nossa Senhora da Penha: abriga uma santa trazida do Brasil por uma família libanesa, em 1940.
Outras atrações imperdíveis nos arredores
Se depois de percorrer todas as atrações de Byblos e de se encantar com a cidade ainda sobrar fôlego para mais, não muito longe dali há, também, uma estação de esqui e uma vinícola.
- Mzaar Kfardebian, também chamada de Faraya Mzaar:
Considerada o maior complexo de esqui a céu aberto do Oriente Médio, esta região fica a apenas 51 quilômetros, cerca de 1 hora de Byblos e a 44 quilômetros de Beirute. Esta região ajuda a tornar o país privilegiado por sua diversidade de paisagens. Lembra no começo que há um quê de Suíça? Pois então… A região fica na porção montanhosa do país e o clima temperado faz com que, no verão, entre julho e agosto, as temperaturas cheguem a 30 graus e, no inverno, o acúmulo de neve pode alcançar mais de 1,5 metro, a 6 graus negativos ou menos.
Inclusive, o nome Líbano vem justamente do branco da neve e este é o único país com pista de esqui aberta em todo o Oriente Médio. O primeiro teleférico foi instalado em 1960 e, a partir daí, a região se viu invadida por hotéis, resorts de luxo e locais renomados, como o badalado iGloo, um misto de restaurante, pub e balada; o restaurante Chez Michel, localizado no conceituado Hotel Terre Brune.
E, para quem estiver visitando a região no verão, boas dicas são o animado churrasco com música ao vivo promovido pelo restaurante Rikkyz, que acontece aos domingos, a partir das 11h; e a tradicional festa das quartas-feiras. Já quem prefere mais sossego, a opção certa é o Le Montagnou, local com piscina de borda infinita, com uma vista privilegiada, onde é possível relaxar e provar as delícias da culinária libanesa.
- Vinícola Massaya & Co
No norte do Líbano, o Vale do Bekaa é uma região vinífera conhecida mundialmente –inclusive citada na Bíblia e com tradição que remonta aos fenícios – por conta de suas
características únicas, chamadas terroir. Distante cerca de 76 quilômetros de Byblos e 30 de Beirute, próxima à cidade de Zahlé, está a famosa vinícola Massaya, que também produz Arak – bebida destilada tradicional não apenas do Líbano, como também da Jordânia, Iraque e Síria.
Operadas pelos irmãos Ghosn Sami e Ramzi, tanto a vinícola quanto a destilaria estão localizadas na propriedade de Tanaïl. Ganhadores de inúmeros prêmios, a Casa produz cerca de 300 mil garrafas ao ano, sendo um branco, o Massaya Blanc; um rosé, Massaya Rosé; e três tintos: Le Colombier, Terrases de Baalbeck e Massaya Cap Est. As uvas usadas são Grenache noir, Cabernet Sauvignon, Mourvedre, Syrah and Cinsault.
Aberta ao público, é possível tanto participar de degustações no local, quanto optar por saborear os vinhos e o arak no restaurante mantido dentro da propriedade.
Conhecer Byblos e seus arredores é uma excelente oportunidade de visitar uma das cidades mais antigas do mundo e descobrir porque seus encantos perduram até hoje.
Lucila, adorei conhecer seu trabalho com lugares incomuns. Essa é minha paixão. Um dia (em breve, espero!) vou te procurar para fazer uma viagem com destino incomum. Abs. Verônica
Olá Verônica,
Que bom que gostou! Continue acompanhando nossas matérias no blog. Esperamos realizar o seu sonho em breve.
Um abraço