Já imaginou como seria visitar uma montanha toda colorida? E participar de rituais ou, ainda, conhecer lugares sagrados reverenciados por uma cultura milenar cujos resquícios ainda se mantêm vivos por seu povo? Uma viagem ao Peru oferece tudo isso ao turista. Mais que um país, é um estado de espírito, um lugar que oferece uma energia transformadora para quem pisa em seu território. Faça as malas e embarque conosco nesta jornada, para vivenciar situações únicas em sua vida.
Uma montanha, muitas cores
Presente há não muito tempo nos roteiros de viagem, a “Montanha Arco-íris”, “Rainbow Mountain” ou para os nativos “Vinicunca” tornou-se uma espécie de “must go”, no Peru, uma vez que o local foi incluído em uma lista da Revista National Geographic como um dos 100 lugares para serem visitados antes de morrer e também como um dos “top 5 do país”.
Localizada na Cordilheira de Vilcanota, 5,2 mil metros acima do nível do mar, no distrito de Pitumarca, próximo a Cusco, suas encostas e cumes são decorados por franjas em tons intensos de fúcsia, turquesa, roxo, dourado e azul. O arco íris é fruto da oxidação de minerais, da erosão e da deposição de sedimentos há milhões de anos.
Para chegar até lá, é preciso realizar uma trilha de cerca de 6 quilômetros muito íngremes. O esforço físico considerável e a exposição ao ar rarefeito podem causar muito cansaço e dificuldades para respirar. No entanto, o esforço vale a pena.
Os Incas e seu Valle Sagrado
Próximo a Cusco encontra-se o Vale do Rio Urubamba, também conhecido como “O Vale Sagrado dos Incas”, que acreditavam que seu curso estava ligado às constelações e às montanhas que o rodeiam.
Eles também acreditavam que o Rio era o reflexo da Via Láctea na Terra. As terras férteis do vale abrigavam os centros de produção e estudos agrícolas mais importantes do império. Ali, em terraços, eram cultivados milho branco, batatas, coca, frutas e legumes. Nos dias atuais, o local ainda produz pêssego, abacate e um dos melhores grãos de milho do mundo.
Entre suas principais atrações estão:
- Pisac: distante 33 quilômetros de Cusco, é considerada a porta para o Vale Sagrado. É famosa por seu mercado de artesanato, suas missas dominicais e suas impressionantes ruínas.
- Urubamba: é uma das cidades mais importantes do Vale na atualidade, e também considerada a capital mundial do milho por conta dos rios que nascem do degelo da neve das montanhas.
- Ollantaytambo: também conhecida como Ollanta, fica a 97 quilômetros de Cusco e já foi uma cidade fortificada, servindo como posto de controle administrativo. Após a invasão espanhola, tornou-se um dos lugares favoritos dos colonizadores. Atualmente, é considerada, depois de Machu Picchu, como o local que contém o trabalho Inca, feito em pedras, mais impressionante do país.
Outros lugares imperdíveis no Vale são Chinchero e seu mercado típico; Maras e suas minas de sal que funcionam até os dias atuais e Moray com seus terraços circulares concêntricos que serviram como centros de pesquisa agrícola do império Inca e que ainda está em funcionamento.
Outro importante centro de produção agrícola foi Yucai que, até hoje, guarda ruínas do Palácio do Inca Manco Sayri Tupac Segundo.
Locais sagrados de Cusco
A aura de misticismo que envolve o país tem sido aproveitada para impulsionar o turismo, principalmente em Cusco, uma das principais cidades do país e a antiga capital do império Inca. Não à toa, seu nome na língua quéchua significa “umbigo do mundo”, considerada pelos Incas como um território sagrado onde ainda há lugares muito bem preservados e de grande importância até os dias atuais:
- Qorikancha, o Templo do Sol: complexo arqueológico construído pelo imperador Inca, Pachacútec. Erguido em pedras polidas e perfeitamente encaixadas, era onde os Incas cultuavam o deus Sol.
- Sacsayhuaman: na era incaica foi construído para ser uma proteção à cidade.
- Q’enqo: neste que se assemelha a um labirinto, eram oferecidos sacrifícios aos deuses.
- PukaPukara: com piso dividido em três níveis diferentes em uma clara demonstração da crença Inca de que haviam os mundos de cima, de baixo e o dos mortos.
- Tambomachay: onde as águas eram adoradas por sua ação sagrada de ser a fórmula da juventude.
Locais sagrados de Machu Picchu
Na cidade mais mística do Peru, também foram erguidas inúmeras estruturas sagradas. Entre as principais estão:
- Templo do Sol: o deus Sol era um dos mais sagrados e, nesta estrutura erguida em Machu Picchu, há janelas que se alinham perfeitamente com o astro rei durante o solstício de verão.
- Templo do Condor: foi erguido em homenagem a uma das maiores aves do mundo, o condor dos Andes. Por viver nas alturas, o animal era considerado um símbolo de fertilidade porque atraía – ou ainda atrai? – as chuvas que ajudam a fertilizar a terra.
Rituais
Festeiros e cheios de rituais, os peruanos cultuam inúmeras divindades. Por isso, já é possível encontrar pacotes de viagem como os oferecidos pela Raidho que contemplam a participação neste tipo de vivência.
Entre elas está o pagamento à terra, a mais antiga da tradição incaica. A Mãe Terra, chamada de Pachamama, é a entidade provedora e protetora da vida para quem não se pede, apenas se agradece a tudo que foi e será provido.
Neste ritual, que é realizado em épocas especiais, como as que precedem os plantios e nascimentos, o espaço é decorado com vários elementos e há oferendas colocadas em uma concha, considerada um objeto precioso para os Incas, e durante a preparação, o sacerdote faz orações em quéchua. Ao fim, a oferenda é queimada e as cinzas são espalhadas pela terra.
Outro muito comum, é o ritual do Fogo, realizado como uma cerimônia xamânica de cura, que, por meio de orações e da fumaça do fogo, libera as energia negativas que ficam presas na aura. Também há rituais de limpeza, onde guias xamãs ou curandeiros realizam rezas em nome das pessoas que estão participando.
Gastronomia peruana, um capítulo à parte
A culinária do país vem ganhando cada vez mais fãs ao redor do mundo. A importância gastronômica do Peru é tão grande agora, que a capital do país recebe, todos os anos, no mês de setembro, o Mistura, um dos festivais gastronômicos mais importantes da América Latina e um reflexo do que representa o país e sua variedade de aromas e sabores.
Um dos motivos desta variedade se deve à sua amplitude territorial e às diferentes altitudes – que também ajudam no surgimento de diversos tipos climáticos – que favoreceu o surgimento de uma gama de ingredientes pouco vista em outros países. Ali, há, por exemplo, inúmeros tipos de batata e de milho, com cores e sabores que, quando combinados entre si e com outros elementos, dão vida a pratos inusitados e não menos saborosos.
Entre os pratos e bebidas, não deixe de experimentar:
- Pisco sour: feita de pisco, um destilado de uva típico do país, limão, açúcar, clara de ovo, gelo e um toque de pimenta. É o drinque mais tradicional.
- Chá de coca: estimulante, é muito recomendado para quem deseja combater os efeitos do mal de altitude.
- Inca Kola: à base de lúcia-lima, desbancando a Coca-Cola, é o refrigerante mais consumido do país. Sua cor oscila entre um verde-limão e um amarelo muito vivo e seu sabor lembra muito o de chiclete de tutti-frutti. Lembra, um pouco, o brasileiro Guaraná Jesus, muito comum no nordeste.
- Lomo saltado: é preparado com carne de vaca, cortada em finas tiras e cozida com molho shoyu, tomate, cebola e temperos.
- Tacu tacu: mistura de arroz e feijão frita em forma de uma massinha semelhante a uma panqueca. É servida como acompanhamento de alguma carne, peixe ou frutos do mar com molho.
- Cuy: especialmente na região de Cusco é um dos carros-chefes dos restaurantes. Esta espécie de porquinho da índia era a fonte preferida de proteína dos peruanos. É servido assado e, atualmente, sem a cabeça e as patas. No entanto, na época imperial, a cabeça, tida como símbolo de sorte, era comida pelo patriarca da família. As patas eram relegadas às crianças e o corpo, às mulheres.
- Pachamanca: é um cozido que leva diferentes tipos de carne e legumes em um preparo muito especial e inusitado, com os ingredientes cozidos em um buraco cavado no chão.
A trilha Inca
Os Incas dominaram boa parte da porção sul das Américas e, para dar conta deste vasto império, foi necessário estabelecer uma rede de comunicação por meio de estradas, a chamada Qhapac Ñan, “Camino del Inca” cujo ponto de chegada é a mística Machu Picchu, pelo Inti Punku, a Porta do Sol, de onde se observa toda a cidadela do alto.
Sabe aquela clássica foto com uma montanha ao fundo e as ruínas logo abaixo? Então, esta foto, geralmente, é tirada a partir dali…
Atualmente, é considerado um dos melhores trekkings da América do Sul e um dos mais famosos do mundo. Possui várias versões, sendo que as principais são: a clássica, com cerca de 40 quilômetros de extensão e duração de 4 dias e 3 noites; e a curta, que dura 2 dias e 1 noite e conta com 12 quilômetros de caminhada.
Ao longo do trajeto, os viajantes passam por inúmeras ruínas do antigo império e têm a chance de conhecer mais da história Inca, já que os guias são nativos. Além da conexão com a história, esta é também uma excelente oportunidade para entrar em contato com a natureza pungente e, claro, com os limites de cada um, já que o corpo é desafiado de forma constante.
Os pernoites são feitos em acampamentos montados pela equipe que acompanha os viajantes e a melhor época é entre maio e outubro, que é a temporada seca. Além de calçados apropriados para longas caminhadas, é preciso ter um bom preparo físico já que o corpo é bastante exigido. Ao fim da caminhada e depois de visitar Machu Picchu, os visitantes retornam a Cusco.
Turismo vivencial
Como você pôde ver, uma viagem ao Peru é plena de atividades vivenciais, deixando de lado o turismo clássico no qual o viajante era um mero observador. Já tem algum tempo que o Ministério do Turismo do Peru realiza projetos de desenvolvimento de locais e povoados mais remotos.
É por meio do turismo vivencial que isso é possível, no qual o visitante tem a oportunidade de passar um dia e uma noite, hospedado na casa de uma família local, realizando as atividades diárias dessas pessoas e se alimentando da culinária típica.
É assim, nesse período de tempo que o turista poderá conhecer a história, a cultura e os costumes locais por meio do cultivo da agricultura, da medicina tradicional, das festividades, dos rituais e artes em músicas, danças e artesanatos. Sendo assim, o viajante vive e sente na pele como é o estilo de vida nesses lugares, em uma agradável convivência de povos.
Caminhando, conhecendo lugares cheios de energia e história, participando de rituais, vivências ou degustando o melhor da gastronomia, quem decide visitar o Peru não volta o mesmo. Afinal, mais que um destino, este é um estado de espírito que toma conta de quem ali pisa. E o desejo de voltar permanece para sempre.
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