Myanmar, o tesouro recém-descoberto do sudeste asiático

O sol ainda não nasceu, mas o horizonte, aos poucos, começa a ser tomado por gigantes de ar quente que levam turistas desejosos de conhecer, do alto, uma paisagem única. À medida que sobem, os milhares de templos e pagodas que resistem, bravamente, à passagem do tempo revelam detalhes impossíveis de serem percebidos do chão. Você acha que estamos falando da Capadócia? Não. Estamos descrevendo a paisagem de Bagan, em Myanmar, antiga Birmânia. Destino exótico e muito diferente, Myanmar guarda semelhanças com seus vizinhos do sudeste asiático, mas é um tesouro recém-descoberto daquela região.

A antiga colônia britânica teve sua denominação mudada, em 1989, por seu governo militar. “Birmânia” foi cunhado pelos colonizadores e vem de “burma”, principal etnia do país, mas os governantes acreditavam ser este um nome cheio de preconceitos. No entanto, Myanamar e Birmânia são sinônimos: sua atual chefe de estado, Aung San SuuKyi, foi enfática ao dizer que “não há na constituição nada que determine o uso de um termo em particular”. Aberto aos estrangeiros há poucas décadas, depois de mais de 50 anos de ditadura militar, o país pouquíssimo industrializado reserva surpresas, como seus monges de vestimenta vermelho escuro que andam descalços pelas cidades, suas inúmeras estupas douradas e seus habitantes que vivem cantarolando e mantêm seus

rostos esbranquiçados graças à thanaka, uma pasta feita com casca de árvore usada como protetor solar – essencial porque o sol, na região é bem forte.

E, se você nunca pensou em visitar Myanmar, selecionamos algumas atrações imperdíveis localizadas nas principais cidades do país, para despertar sua curiosidade.

Confira:

Yangon – a antiga capital

 Myanmar, o tesouro recém-descoberto do sudeste asiático

Acompanhando a mudança de nome do país, a maior, mais importante e uma das principais portas de entrada, a cidade de Rangoon passou a se chamar Yangon. Até 2006, era também a capital, mas o centro do poder foi transferido para Naypyidaw. Yangon é uma das cidades mais antigas do país, tendo sido fundada no século VI, com o nome de Dagon e construída em volta do Shwedagon Pagoda. Com o passar do tempo, acabou se transformando em um grande centro urbano, com um misto das culturas birmanesa, inglesa, chinesa e indiana.

  • Shwedagon Pagoda: é um dos locais mais sagrados e imponentes do budismo no país. A desta edificação pode ser vista de vários lugares da cidade. É um belíssimo local para ser fotografado, principalmente no fim do dia, quando os reflexos do sol tornam o dourado das estupas ainda mais brilhante.
  • Bogyoke Aung San Market: Os artesãos de Myanmar têm a fama de serem alguns dos melhores do mundo. E o local para encontrar todo tipo de artesanato – inclusive lembrancinhas para os amigos e a família – é este mercado construído há mais de 70 anos. Ali será fácil encontrar lindas peças em laca, joias, tecidos e toda sorte de arte manual.
  • Sule Pagoda: reza uma lenda que este templo foi construído há mais de 2,5 mil anos para guardar uma preciosa relíquia: um fio de cabelo de Buda. Situado bem no centro de Yangon é um templo ricamente ornamentado de dourado – vale muito a pena a visita.

Bagan – mais de mil templos em um só lugar
 Myanmar, o tesouro recém-descoberto do sudeste asiático

Entre os séculos 9 e 13, esta cidade situada às margens do Rio Irrawaddy era a capital do então Reino de Pagan. Neste tempo, assim como em outras cidades cristãs, os mais ricos demonstravam seu poder por meio da construção de templos budistas, pagodes e mosteiros.

Estima-se que estas edificações chegaram a 10 mil, mas apenas 2 mil resistiram à passagem do tempo e aos inúmeros terremotos que já assolaram o país. Na tentativa de restaurar as edificações, o governo utilizou materiais modernos, como o cimento, que provocaram a descaracterização em relação à estrutura e forma originais. Este fato fez com que a Unesco rejeitasse a indicação da cidade para se tornar Patrimônio Mundial da Humanidade. Mas isso em nada diminui a grandeza e a importância desta cidade que tem além dos templos, o famoso passeio de balão – que rivaliza em beleza com o da Capadócia.

Entre os principais templos de Bagan estão:

  • Ananda: construído no século 11, é o mais importante, antigo e mais visitado da cidade. Em 1975, foi parcialmente destruído por um terremoto e, desde então, vem sendo reconstruído aos poucos.
  • Thatbyinnyu: o significado do nome é “a onisciência de Buda” e suas paredes estão cobertas de inscrições que significam “Conhecimento profundo e visão ampla.” Datado do século 12, este templo é diferente de todos os outros por ter uma cor esbranquiçada, diferente dos demais que são na cor tijolo. Construído em um terreno elevado, ao longe, lembra um castelo.
  • Shwezigon Pagoda: é um dos mais importantes santuários da cidade e fica entre as vilas de Wetkyi-in e Nyaung U, onde também fica um mercado local. Dhammayangyi: é a maior estrutura construída em Bagan e foi erguida pelo Rei Narathu entre os anos 1167 e 1170.

Lago Inle
 Myanmar, o tesouro recém-descoberto do sudeste asiático

Localizado a leste do país, o Lago Inle é onde moram mais de 70 mil pessoas e um lugar perfeito para observar a rotina dos habitantes desta região, chamados Intha e de origem tibeto-birmanesa e que seguem os preceitos budistas. E toda sua vida gira em torno do lago. Talvez, seja o melhor lugar para dar valor às coisas simples da vida, enquanto se observa a pesca ou a tecelagem de vestes que tem na fibra da flor de Lótus a principal matéria-prima. Entre as principais atrações estão:

  • Vila Ywama: ali está localizado o maior mercado flutuante da região e o melhor local para comprar lembrancinhas e artesanato.
  • Jardins Flutuantes: pela escassez de terra, tudo é cultivado em jardins flutuantes que incluem de alimentos a flores. Os espaços de cada proprietário são demarcados por estacas de bambu.
  • Fábrica de charutos: os charutos produzidos no Myanmar são chamados Cheroot e suas principais matérias-primas são a banana desidratada, o mel e o açúcar mascavo, uma mistura que deixa um aroma de doce no ar.
  • Fábrica de seda e lótus: a tecelagem é uma prática muito comum na região e vale a pena visitar algumas destas fábricas para descobrir as peças únicas produzidas ali. Além disso, acredita-se que quem usa uma peça produzida com a fibra da Flor de Lótus fica livre das coisas ruins da sua vida.
  • Phaung Daw U Pagoda: é a mais famosa da região e conhecida como casa dos cinco Budas de ouro. Todos os anos acontece o Phaung Daw U Pagoda Festival, celebração com duração de 18 dias e que acontece entre setembro e outubro em que os as imagens são colocadas em um barco e percorrem, em procissão, em torno do lago. Ao lado desta pagoda, há uma feirinha com excelentes opções de artesanato.
  • Vinícola Red Mountain Estate: talvez, esta seja uma das grandes surpresas da região. Uma boa dica é degustar os vinhos enquanto se aprecia a bela vista do lago, principalmente, ao pôr do sol.

Amarapura

Seu nome significa “Cidade da Imortalidade” e foi a penúltima capital real do Myanmar, entre os anos de 1783 a 1857. Está localizada a poucos quilômetros de Mandalay, a última capital. Uma curiosidade é que esta transferência se deu por conta de uma profecia budista e boa parte das construções reais foi desmontada e remontada em Mandalay. Atualmente, é uma vila charmosa e muito conhecida pela tecelagem de seda. Sua atração principal é a famosa U-Bein, considerada a maior ponte de tábuas do mundo, construída há mais de 200 anos e 1,2 quilômetros, que atravessa o Lago Taung Tha Man.

No Mosteiro Maha Ganayon, que abriga mais de 2 mil monges acontece, todos os dias, às 10h30 da manhã o “alms giving”, ritual no qual são coletadas oferendas para sua refeição, assim como em outros países do sudeste asiático. Outro passeio imperdível é visitar o Taung Min Gyi Pagoda, fundado em 1786 e que guarda, em seu interior, uma imagem de Buda de 15 metros de altura.

Mandalay
 Myanmar, o tesouro recém-descoberto do sudeste asiático

Atualmente, Mandalay é uma das cidades que mais cresce no país, em parte por causa do aumento de turistas após a abertura do país. Localizada no centro do Myanmar, às margens do Rio Irrawaddy, foi a capital do último reino independente birmanês, entre 1861 e 1885.

  • Mandalay Hill: a partir desta colina é possível ter uma vista panorâmica da cidade e o espetáculo fica por conta do por do sol de tirar o fôlego.
  • Mahamuni Pagoda: é o principal templo da cidade, local de veneração do Buda Sentado. Com 6,5 toneladas, fica no centro do complexo e é considera a imagem de maior importância do país. Este simbolismo é representado pelas milhares de folhas de ouro que os fiéis – somente os homens – martelam sobre ela em sinal de veneração. Diz a lenda que esta é uma das cinco únicas feitas durante a vida terrestre de Siddhartha Gautama, sendo que duas estão no paraíso e outras duas estão na Índia.
  • Mosteiro Shwenandaw: também conhecido como Palácio de Ouro ou Mosteiro de Ouro, foi esculpido em madeira e era, originalmente, parte do Palácio Real em Amarapura, tendo sido remontado em Mandalay, com a transferência da capital, em 1857, para ser a residência do Rei Mindon. Somente em 1878, ano da morte do governante é que o local foi transformado em mosteiro e funciona até os dias atuais.
  • Sandamuni Pagoda: o destaque desta construção, datada de 1802, é o enorme Buda de ferro em seu interior. É um lindo cenário fotográfico. Kuthodaw Pagoda: é conhecido por ser o maior livro do mundo, com 729 estupas, cada uma com escrituras em mármore. Reza a lenda que a leitura completa demora mais de um ano para terminar, isso se forem dedicadas 8 horas a esta atividade.

Após abrir suas portas para o mundo, Myanmar deixou de ser um segredo bem guardado e vem, aos poucos, se tornando destino desejo de muitos. Prepare seus olhos para um espetáculo atrás do outro. Se possível, limpe a memória do celular ou carregue vários cartões extras para a máquina fotográfica. Mas, acima de tudo, prepare o coração para o que será, talvez, a melhor viagem de sua vida.


Em busca de realizar um sonho, Lucila se tornou empresária aos 28 anos quando fundou a Raidho Viagens em 1990, uma operadora especializada em turismo para lugares exóticos e roteiros de experiência. Formada em Letras e pós-graduada em Marketing, já viajou para mais de 80 países, sendo 18 visitas à Índia, destino pelo qual é apaixonada e considerada uma autoridade. Devido a isso, é perita em roteiros incomuns para conhecer culturas e filosofias milenares e os costumes de cada povo, visando o enriquecimento interior junto às belezas dos locais.
Inovadora e conhecida por lançar tendências no mercado, oferece junto à Raidho, excelência na qualidade de serviços e tem orgulho em ter conquistado o prêmio de melhor Operadora da América Latina em viagens para a Índia, pelo governo, por três anos consecutivos.